terça-feira, 21 de agosto de 2012

Desejo. Necessidade.


Com um sopro da noite,
Com um grito de morte,
Com um gemido de dor...

A depressão prevalece no altar,
Acarinhada por anjos...
Belos anjos negros...

Como um deus,
Como uma flor que sangra,
Como uma sombra do abismo,
A depressão sorri.

Venha,depressão! Venha ter comigo!
Quero a dor, seu ódio,
Sua tristeza, seu fado,
Sua desgraça...

Não há motivo,
Muito menos razão.
Sei que a dor me vem...
Vem de bom grado!
Tome minha dor,
Minha alma,
Minhas lágrimas e meu pudor.

Quero a desgraça.
Um desejo em vão.
Sei bem que não importa o clamor,
Prece ou oração.

Quero agora padecer...
Padecer!
Quero padecer!
Padecer!
Padecer em um inverno que antecede outro inverno.
Um mundo sem verão.

Toda essa dor,
Desejo estupefato,
Carrasco, desgraçado...
Que não seja renegado,
Quero a dor...
A dor!

Não há ser que não venere,
Que faça, ao menos, uma prece.
Ser humano desgraçado...

Necessito!
Assim como toda alma,
Toda alma suja, imunda.
De uma leve represália.

Quero agora a alma fragmentada,
Imunda,seja... Preenchida de escuridão.

Quero a alma..
Sem corpo, cérebro ou coração!

Que essa inspiração transmita tudo,
Ou, que seja!
Que se faça entender, ao menos,
Uma pequena secção.

Não aguento!
Não aguento outra parcela
Dessa divida com o demônio
Que padece na escuridão.

Todo ser quer a dor,
A melancolia,
A depressão...
Tem pressa em afagar a dor...

 Irracional... Bem sei.
Curar dor com dor
É irracional mas é
O caminho menos sinuoso.

Versos! Versos! Versos!
Versos,versos,versos...
Versos repletos de dor.

Um estranho masoquismo,
Um estranho amor...
A dor!
A depressão...

Vem depressão!
Ver ter comigo!
Vem e afaga minha dor,
Destrói o meu pudor...
Deixe-me em depressão.

Antes que um sorriso afague o que sinto,
Fecho meu coração.
Não quero escrever,
Não quero perder a inspiração.

Quero só a dor,
Que todos amam,
Mas escondem,
Guardando para si,
A última dose do pedaço podre da alma.




sábado, 11 de agosto de 2012

Sólida Embriaguez


O tempo é a mãe
De todas as verdades
Pais das incertezas e
Dono do saber.

O tempo é sujo,negro...
Claro, esclarecedor...
O óbito da vida,
O dono da dor.

O desabrochar desgraçado, esculpido em carrara,
Imundo, desprezível... Estorvo.
Tempo...
Tempo...

O dono de tudo para,
Apalpa sua face,
Contempla seu esplendor,
Traz sofrimento,dor e amor...

Amor!
Que seja o amor!
Capaz de tudo.
Capaz de transpor o tempo e a dor.

O ósculo da noite
Traz a brisa do verão.
O dono do amor,
Afaga,lentamente,seu coração.

Tempo,
Desprezível tempo.
Dono de nada,
Causador da insalubre noite de verão.

Traz a verdade aos mais céticos,
Agora, desarmados e amigos do tempo que,
Diante do amor, nada é.
Nada foi... Tudo será.

Traz as verdades,
As decepções,
As glórias
Os gritos,sussurros,transposições...

Tira a inocência concebida
Por uma entidade divina
Que com amor e carinho,
Fez seu tempo começar.

Que não a culpem de nada,
É apenas uma vítima,
Triste pelo feito,
Mas de esperança ávida.

Tempo de verdades.
Tempo de amores.
Tempo de vidas.
Tempo...

Tempo dono das guerras,
Do triste saber,
Dono de si,de nós...
Tempo,dono da embriaguez.

E se tempo terreno não me restar,
Dei-me de beber.
Pois,das verdades da vida,
Quero a sobriedade eterna do amor.