Com
um sopro da noite,
Com
um grito de morte,
Com
um gemido de dor...
A
depressão prevalece no altar,
Acarinhada
por anjos...
Belos
anjos negros...
Como
um deus,
Como
uma flor que sangra,
Como
uma sombra do abismo,
A
depressão sorri.
Venha,depressão!
Venha ter comigo!
Quero
a dor, seu ódio,
Sua
tristeza, seu fado,
Sua
desgraça...
Não
há motivo,
Muito
menos razão.
Sei
que a dor me vem...
Vem
de bom grado!
Tome
minha dor,
Minha
alma,
Minhas
lágrimas e meu pudor.
Quero
a desgraça.
Um
desejo em vão.
Sei
bem que não importa o clamor,
Prece
ou oração.
Quero
agora padecer...
Padecer!
Quero
padecer!
Padecer!
Padecer
em um inverno que antecede outro inverno.
Um
mundo sem verão.
Toda
essa dor,
Desejo
estupefato,
Carrasco,
desgraçado...
Que
não seja renegado,
Quero
a dor...
A
dor!
Não
há ser que não venere,
Que
faça, ao menos, uma prece.
Ser
humano desgraçado...
Necessito!
Assim
como toda alma,
Toda
alma suja, imunda.
De
uma leve represália.
Quero
agora a alma fragmentada,
Imunda,seja...
Preenchida de escuridão.
Quero
a alma..
Sem
corpo, cérebro ou coração!
Que
essa inspiração transmita tudo,
Ou,
que seja!
Que
se faça entender, ao menos,
Uma
pequena secção.
Não
aguento!
Não
aguento outra parcela
Dessa
divida com o demônio
Que
padece na escuridão.
Todo
ser quer a dor,
A
melancolia,
A
depressão...
Tem
pressa em afagar a dor...
Irracional...
Bem sei.
Curar
dor com dor
É
irracional mas é
O
caminho menos sinuoso.
Versos!
Versos! Versos!
Versos,versos,versos...
Versos
repletos de dor.
Um
estranho masoquismo,
Um
estranho amor...
A
dor!
A
depressão...
Vem
depressão!
Ver
ter comigo!
Vem
e afaga minha dor,
Destrói
o meu pudor...
Deixe-me
em depressão.
Antes
que um sorriso afague o que sinto,
Fecho
meu coração.
Não
quero escrever,
Não
quero perder a inspiração.
Quero
só a dor,
Que
todos amam,
Mas
escondem,
Guardando
para si,
A
última dose do pedaço podre da alma.